As Dez Provações do Patriarca Lü Dongbin 十试吕祖

© Publicações da Montanha do Cavalo Branco 2015
As Dez Provações de Lü Dongbin antes de alcançar o Tao;
Consegue alcançá-lo?

 

– A primeira provação –
“O Dongbin considerava-se a si próprio, um estranho. Quando regressou vindo de longe, todos os seus negligenciados familiares tinham morrido de doença. Lu Dongbin não teve profundos remorsos, mas preparou sinceramente todos os procedimentos do enterro, nada mais. Naquele momento, todos os mortos ressuscitaram em boa saúde.”

O Dongbin considerou que os membros da sua família estavam mortos e não se moveu nem um pouco ou fez o menor som. Seria possível que não houvesse emoções e sentimentos humanos? Não é bem assim.

O Dongbin tinha já despertado para o Grande Tao. A vida e a morte não passam de uma ilusão. A vida e a morte estão interligadas pelo destino, e um homem de caráter considera a morte como um regresso. As almas dos parentes têm o seu próprio caminho a seguir. Será possível que, chegando ao fim a relação predestinada com alguém, a única coisa que resta é realizar um diligente enterro? O que mais poderia ter sido ressentido? Mas os assuntos anteriores ao nascimento, ao viver e ao curso da vida, ao morrer e ao morrer pacificamente, não merecem ser temidos.

Estando vivo é possível cultivar a benevolência, estando morto é possível agir como um benevolente imortal. Portanto, o Dongbin ao observar cuidadosamente os caminhos do mundo, entendeu que são puramente uma ilusão. É por isso que foi capaz de manter uma mente clara ao deparar-se com o desastre e, através da solenidade e da reverência, aumentar as suas próprias forças.

Todas as criaturas vivas lutam por se dissociarem do amor e afeição, lutam para separar-se do corpo físico, incapazes de suportar o sofrimento. A vida é amarga, a morte é amarga, não vale a pena!

É preciso estudar o Dongbin, colocando a vida e a morte fora da nossa esfera de consideração pessoal, mas procurando uma consciência clara, e é tudo.

– A segunda provação –
“O Dongbin vendia mercadorias no mercado. Após negociações bem-sucedidas acerca do valor, o comprador voltou-se contra este, disposto apenas a investir metade do preço. O Dongbin não discutia por nada. Procurando vender o seu produto, não perturbou o seu coração com ganho e perda.”

No que respeita às pessoas comuns, quando se deparam com este tipo de situações, é inegável que tendem a ficar com um rosto vermelho e orelhas quentes, absolutamente resolutos a não desistir, levando até a casos de assassinato e homicídio.

O propósito desta provação reside em incitar as pessoas a não sofrerem nem da perda, nem do ganho. Devemos pacificar o nosso coração-mente.

Problemas de confiança ocorrem constantemente nos mercados, devido ao crédito e empréstimo de conveniências. Existe ainda o princípio de não emprestar dinheiro ou bens, indiscriminadamente:

sempre que ocorram disputas, veja as coisas com suavidade, sofra as perdas e pague os danos. Não os leve ao coração, pois poderão levar à doença e ao suicídio, e realmente não vale a pena!

– A terceira provação –
“O Lü Dongbin partiu no dia do Ano Novo, encontrando um mendigo apoiado na porta, a pedir esmolas. O Dongbin concedeu-lhe rapidamente dinheiro e bens, e ainda assim o mendigo exigiu incansavelmente, inclusive acrescentando calúnias maldosas ao seu abuso. O Dongbin sorriu e desculpou-se vezes sem conta.”

Nesta provação, as pessoas que dão esmolas têm que sofrer sentimentos humilhantes.

Se alguém doa dinheiro para o benefício de outros e ainda assim sente-se repreendido, significa que antes disso já lhes era impossível de suportar a reprensão. Isto permite que observemos o que já alcançámos no Tao, compreendendo pela queda que realizámos um curto caminho em comparação com Dongbin, ao não superar esta provação.

– A quarta provação –
“O Dongbin pastava ovelhas nas montanhas, quando cruzou caminho com um tigre faminto, que começou a perseguir o rebanho. O Dongbin usou o seu próprio corpo para bloquear o caminho do tigre, e só então este desistiu e partiu.”

Esta provação testa a pessoa para descobrir se tem um espírito de abnegação para salvar a vidas das ovelhas, nem que para isso tenha de dar o seu próprio corpo. Temo que as pessoas comuns não consigam isto. No entanto, não se deve extinguir a vida de outros animais, em vez disso devemos resgatá-los, comer uma dieta vegetariana e cultivar a nossa conduta. Consequentemente, seremos capazes de demover um tigre faminto a não comer carne.

– A quinta provação –
“O Dongbin habitava nas montanhas, estudando livros na sua cabana de palha. Uma mulher, com uma beleza do outro mundo e irradiando beleza para as pessoas, afirmou estar perdida no seu caminho para casa, querendo descansar por um tempo. Pouco depois, provocava e agitava as coisas de mil e uma maneiras. A beleza da mulher era sedutora, mas Dongbin não se moveu de todo!”

Uma vez que as pessoas do mundo carecem de encantos, tentam por todos os meios, atrair mulheres bonitas, e pouca resiliência têm quando a beleza de outrem se dispõe voluntariamente diante destas.

Como poderá alguém manter o domínio de si mesmo?

Tornando-se um viajante dos céus, ninguém perderá o semblante diante de uma mulher imortal. É preciso refinar esta habilidade de estável tranquilidade!

As pessoas comuns caem continuamente no poço da luxúria, nem uns poucos rastejam para sair deste. Se temos pensamentos de nos elevarmos aos céus, considere sem sentido ponderar na luxúria!

– A sexta provação –
“Quando o Dongbin voltou após um dia de viagem, descobriu que toda a sua propriedade tinha sido completamente roubada. O Dongbin não mostrou um traço de raiva, e em vez disso, fez questão de arar pessoalmente os campos para a autossuficiência. De repente, quando a enxada deste atingiu o chão, avistou dez barras de ouro. Rapidamente as enterrou, sem retirar nenhuma.”

Os pensamentos cobiçosos chegam prontamente na companhia de espíritos malignos e demónios. Desejar dinheiro e mulheres é como as pessoas comuns agem e falham. O patriarca Lü descartou o ouro e não pareceu desagradado. No seu coração não havia melancolia após o golpe da enxada e descobrir o ouro. Sem pensamentos cobiçosos ou prazer no seu coração-mente, resignou-se a que deve ser o trabalho físico de cada um a gerar todo o ganho; esta foi a razão para não tomá-lo.

Pessoas comuns gostam de buscar pequenas vantagens, deviam ter vergonha.

Cultivadores do Tao desistem da sua ganância, não sendo movidos pela luxúria ou mulheres, só então poderão juntar-se às fileiras de Imortais e Budas. A todas as criaturas vivas! Quantos pontos marcou nesta provação?

– A sétima provação –
“O Dongbin deparou-se com um vendedor de cobre e comprou alguns itens. Depois de voltar para casa, inspecionou-os; eram todos de ouro. Rapidamente visitou o vendedor e devolveu-os.”

Esta provação é sobre a avareza.

Ao comprar latão que se transforma em ouro, a reação típica nas pessoas comuns seria de selvagem alegria, agradecendo ao céu e à terra. Por mais gratos que sejam, são apenas tolos. Como pode haver uma justificação para devolver?

A riqueza foi obtida injustamente e um homem com nobre caráter deverá manter esta provação em mente.

– A oitava provação –
“Certa vez, houve um Taoísta louco, que vendia medicamentos nas ruas. Alegando que tomá-los levaria à morte imediata, mas que na próxima vida seriam capazes de alcançar o Tao. Quando Dongbin comprou um remédio, o Taoísta disse:

– Prepare rapidamente os assuntos do seu funeral.

O Dongbin ingeriu intrepidamente o remédio; estava seguro, sadio e em boa saúde.”

Seria possível que Dongbin ficasse desnorteado, sem medo da morte? Não é bem assim. O Dongbin procurou o Tao entusiasticamente, considerando a morte como a vida. O seu coração-mente estava ciente da loucura presente na conversa do Taoísta e considerou que deveria ser um desígnio dos Céus. A razão é a provação de bravura.

Frequentemente há um provérbio que diz: “Quando o coração do ser humano morre, imediatamente o coração do Tao nasce.” É preciso erradicar instantaneamente os pensamentos tóxicos da ganância, raiva e idiotice, impedindo assim que o corpo físico fique doente.

– A nona provação –
“Um dia, o rio transformou-se numa inundação desastrosa. O Dongbin e um grupo atravessaram juntos até ao centro da corrente. O vento e as ondas subiam e jorravam. Toda a multidão estava aterrorizada e chorava com medo, enquanto Dongbin se sentava direito e não se movia.”

Esta provação é sobre a determinação das pessoas.

Para cultivar o Tao é necessário ter uma mente fria e calma, em conjunto com uma fé resoluta. Ao deparar com tempestuosos ventos e tormentas, enquanto as afeições e inclinações do coração permanecem intactas, seremos capazes de resistir enquanto permanecermos seguros. Caso contrário, um único passo descuidado e as terríveis ondas imediatamente irão afastá-lo! O povo deverá ser cauteloso em relação a isto.

– A décima provação –
«O Dongbin estava sentado sozinho no seu quarto, quando de repente viu inúmeros fantasmas e demónios de formas estranhas e personagens, atingindo os que se esforçavam, matando aquele que tinha desejos, Dongbin manteve-se sem uma ponta de medo. Subitamente escutou um grito ecoando no ar, todos os fantasmas e espíritos desapareceram. Uma pessoa bateu as mãos rindo em voz alta, era o seu mestre Han Zhong Li.

O mestre disse: “Das minhas dez provações, nenhuma demoveu o meu discípulo. Certamente alcançaste o Tao!”»

Esta provação refere-se a não cometer atos que perturbem a nossa consciência. Não tenha medo de um fantasma batendo à sua porta. Quando Dongbin, de coração sincero e sem mácula, avistou os fantasmas e demónios que vieram invadi-lo, resignou-se a isto como sendo uma dívida de “amargura” pelas transgressões cometidas. Se quiser a minha vida não hesite em tomá-la, pois eu, nesta geração, com esta mente-coração, não tenho nada mais a ansiar. Um Qi justo, vasto e expansivo, sem medo de fantasmas e espíritos!

Quando confrontadas com fantasmas e espíritos a maioria das pessoas assemelha-se, tendo um coração-mente agitado e vergonhoso. Um coração-mente assustado significa que o Caminho e a Virtude não estão consumados e que as ações meritórias são insuficientes. É apropriado intensificar os esforços para acumular mérito, para reembolsar e afastar a dívida pelas transgressões. Consequentemente, os fantasmas e os espíritos atuarão como amigos, Imortais e Budas atuarão como companheiros. Os Três Reinos e as Dez Direções dar-lhe-ão rédea solta para vaguear.

Lü Yan,
Estilo: Dongbin,
Dinastia Tang, Prefeitura de Pu,
Nativo do condado Yong Le
Nome Taoísta: Chun Yang Zi.

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Lü Dongbin

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